sexta-feira, 30 de abril de 2010

1º de maio


Antes de tudo quero lembrar que faz 16 anos da morte do piloto brasileiro Ayrton Senna, o que , desde então, faz nosso 1º de maio ficar um pouco triste.

Há muito o que se pensar no dia do trabalho, ao menos pensemos nesse dia o que teríamos que pensar em muitos outros. Sobre nossa relação do homem com o trabalho. Como o homem encara o trabalho e como ele se insere na nossa sociedade, neste tempo de consumo tão efêmero, trabalho esporádico, virtual, o que nos move? O que produzimos, ou o que produzimos nos move?
Encarando o trabalho nos deparamos com o que mais tentamos esconder, com fraquezas, humanidade, suar para ganhar o pão, mas também com o que temos mais orgulho, com o fruto do trabalho, com transformação. Assim, o trabalho nos afasta de deus mas nos aproxima dele, em nenhum outro momento somos mais sua imagem e semelhança.

Abaixo, transcrevo trechos de O mito de Sísifo de Albert Camus

(...)O operário de hoje trabalha todos os dias de sua vida nas mesmas tarefas e esse destino não é menos absurdo. Mas ele só é trágico nos raros momentos em que se torna consciente. Sísifo, proletário dos deuses, impotente e revoltado, conhece toda a extensão de sua condição miserável: é nela que ele pensa enquanto desce. A lucidez que devia produzir o seu tormento consome, com a mesma força, sua vitória.(...)
(...)Deixo Sísifo no sopé da montanha! Sempre se reencontra seu fardo. Mas Sísifo ensina a fidelidade superior que nega os deuses e levanta os rochedos. Ele também acha que tudo está bem. Esse universo doravante sem senhor não lhe parece nem estéril nem fútil. Cada um dos grãos dessa pedra, cada clarão mineral dessa montanha cheia de noite, só para ele forma um mundo. A própria luta em direção aos cimos é suficiente para preencher um coração humano. É preciso imaginar Sísifo feliz.


As obras são do pintor mexicano Diego Rivera, "Vendedora de Flores" e detalhe do painel "Detroit Industry"

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