domingo, 2 de fevereiro de 2014

Blue Jasmine

Outro dia fui assistir 'Blue Jasmine', do Woody Allen, e já fui com dor no coração. Primeiro que eu já sabia intuía que era um daqueles dramas disfarçados de comédia. Bom, o povo diz que é comédia, mas eu,  se rio, é um sorrisinho nervoso, sem graça, ansioso. E dessa vez, me consumiu!! Eu me identifiquei de uma forma peculiar com as personagens - Jasmine e com sua irmã Ginger, sim, com as duas, pois pra mim, são duas faces de uma mesma moeda. Nunca vi algo tão claro, ao mesmo tempo tão diferentes e tão iguais entre si . Os métodos, a ética, a visão de mundo, o contexto social é só geografia. Acho que tem uma desesperança no filme que assusta, tudo é cru, tudo está às claras, como num conto de Clarice Lispector, deve ser daí a identificação - era absurdamente feminina a loucura, as adequações aos conceitos sociais e a quebra de tudo sem dó, ela falando sozinha, falando, falando... é de partir o coração e é engraçado, absurdamente engraçado também. E a Cate Blanchett? Oh my God!! Magnífica!!
Depois, saí e esqueci , mas dias depois , eis que assisto outro filme dele: 'Simplesmente Alice', de 30 anos atrás e eis que Jasmine parte meu coração outra vez e me faz enxergar o que eu não queria, que a sensaçãozinha clariciana sempre volta : para Jasmine não há esperança !! para Jasmine só há a mais pura derrota, o desespero e a tragédia como no 'Sonho de Cassandra', e pior, porque Jasmine não quer a tragédia, ela quer seu velho mundo, seu velho sonho, sua falsa vida perfeita, ela resiste . Alice procurava escapar de sua vida perfeita e mesmo assim ainda tinha a proteção da mágica, da esperança, da hipnose, de chás alucinógenos e outras coisitas que lhe consolavam em sua confusão. Jasmine, não. Jasmine é blue .

Nenhum comentário:

Postar um comentário