terça-feira, 18 de março de 2014

Ao perder eu a ti

Ao perder eu a ti
Tu e eu temos perdido:
Eu porque tu eras o que eu mais amava
E tu porque eu era a que te amava mais.
Mas de nós dois, tu perdes mais do que eu:
Porque eu poderei amar a outros como te amava a ti,
mas a ti não te amarão como te amava eu.
Ernesto Cardenal

Essa poesia repeti muitas vezes, incansavelmente, vez ou outra, me pegava pensando: Ao perder eu a ti, ao perder eu a ti...tu e eu temos perdido, daí recomeçava- ao perder eu a ti, ao perder eu a ti...como um mantra, como uma oração. Recordei-me dela hoje como se lembra de um pesadelo que se repetia na infância, doloroso. 
Foi tão obsessivo que eu mudei os versos e os transformei em outro poema, esse meu, onde eu repetia incansavelmente os pronomes: ao perder eu a ti, ao perder eu a ti, tu e eu temos perdido. eu porque tu eras o que eu mais amava a ti, ao perder eu a ti, ao perder eu a ti,a mim mesmo tive perdido. E foi tão doloroso e foi tão brutal que me nascem lágrimas ao lembrar desse poema porque me traz novamente a sensação, o heartbroken e a falsa esperança, porque desde aqueles inocentes anos eu já sabia que 'eu' era quem mais perdia...porque tu era o que eu mais amava e porque eu era a que te amava mais, e que não poderia amar a outros como te amava a ti e que não te amariam como te amava eu...

Ilustração de Krista Huol- The death of a maiden (A morte de uma donzela)

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